segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Microcontos



Lulu, fonte de alegria


Lulu, uma cadelinha da Pomerânia, dirigiu ao seu dono o seu lindo olhar zeloso e azul enquanto ele se preparava para sair, pegou sua bola favorita e deixou bem aos pés dele.


Sempre apressado, mas entendendo o convite ele se conteve, se baixou e a abraçou. "Vamos brincar, sim, Lulu!"


Foram para o parque em frente à sua casa. Lulu corria livre, sua pelagem laranja brilhando ao sol. Ela saltava, latia e se revolvia na grama, enquanto seu dono achava graça. Juntos, criaram uma sinfonia de alegria.


Nesse momento mágico, Lulu sabia que era mais do que uma cadelinha – era uma fonte de amor e felicidade. Com um latido contente, pulou em seus braços com o coração gratificado.





Pepê, a liberdade do pônei


No campo verdejante, um pônei chamado Pepê corria livre, sua pelagem marrom clara brilhava ao sol quando viu uma menina solitária sentada em um banco, observando-o.


Curioso, Pepê se aproximou da menina que estendeu sua mão e ele, gentilmente, a lambeu e a fez sorrir.


Saíram juntos e enquanto passeavam pelo campo, nasceu uma amizade silenciosa. O vento soprava nos cabelos dela e na crina dele, enquanto Pepê relinchava delicadamente para não amedrontá-la.


Então Pepê percebeu que a alegria da sua liberdade não estava apenas em correr, mas em se relacionar bem e, com um relincho feliz, permaneceu ao lado da nova amiga.





Mamá, a colibri tímida


Num jardim florido, uma bela e tímida colibri chamada Mamá flutuava entre as flores, suas penas brilhavam e refletiam as cores do arco-íris como nos diamantes. Aqui e acolá ela parava para saborear o néctar de uma flor. Numa pausa, enquanto bebia, ela viu sua imagem refletida numa gota de orvalho, maravilhada, recomeçou a dançar e agora também a cantar.


Sua vozinha atraíu uma borboleta curiosa com asas cor de rosas claras, azuis e amarelas que se aproximou. Juntas, criaram uma coreografia tão linda no ar que o sol, parecendo seduzido, as banhou com luz dourada.


A colibri tímida teve um estalo de lucidez e imediatamente entendeu que sua beleza não estava apenas em suas penas coloridas, mas na conexão com o mundo ao seu redor e, para isso, ela tinha que vencer sua timidez. Com um trinado alegre, voou com a amiguinha na direção do azul, traçando um rastro de encanto.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Remorso (Olavo Bilac)



Remorso


Olavo Bilac


Às vezes, uma dor me desespera...

Nestas ânsias e dúvidas em que ando.

Cismo e padeço, neste outono, quando

Calculo o que perdi na primavera.


Versos e amores sufoquei calando,

Sem os gozar numa explosão sincera...

Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera

Mais viver, mais penar e amar cantando!


Sinto o que desperdicei na juventude;

Choro, neste começo de velhice,

Mártir da hipocrisia ou da virtude,


Os beijos que não tive por tolice,

Por timidez o que sofrer não pude,

E por pudor os versos que não disse!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O Trevo


O Trevo 

 

CARLOS HP VIEIRA


Um trevo de quatro folhas

dizem que é sinal de sorte

e se então não tive escolhas 

encontrá-lo, deu-me um norte.


Uma vez a sentença feita

meu destino já traçado

optei por uma boa receita 

 aceitar o sentenciado. 


Quem me escolheu foi o trevo

aos dezenove eu um menino

e o Amor, hoje longevo,

conduziu o meu destino. 


A sorte, a esperança e a fé 

são os outros signos bons

da folha, a vida é como é

e do trevo absorvo os dons. 


Almoço de natal


Almoço de natal na casa da Inez. Pedro chega correndo, não vai para onde estão as crianças, escolhe esse lugar. 


Capturado pela Gilda, o instantâneo está bom para a posteridade porque revela um momento crucial da vida dele. Depois de uma manhã cheio de vitalidade na piscina comigo, aqui o Pedro sossega e tem uma expressão tristinha que pode estar refletindo toda a sua incapacidade de compreender o que está vivendo. 


Se for possível resgatar a sua família a partir de uma gotinha, que seja, de amor que ainda possa existir, o faça! Não ouça o conselho desses dois impostores: ressentimento e medo. Seus argumentos parecem racionais, mas se estão sob o domínio do medo (da repetição), de fato não são. 


Amor e Coragem! Estaremos todos disponíveis para ajudá-los. Converse com sua avó, certamente ela, sim, lhe oferecerá sábias palavras porque superaram e venceram as intempéries vividas pelo casal. 


Só mais um esforço e um ano que vem renovado!


Com todo meu carinho por vocês três. 


***


Antes do texto acima, eu havia contestado um texto e um áudio...


 Kaká…


Fico me perguntando que mau conselheiro interior está por trás de suas palavras, medo? ressentimento? Não são bons conselheiros.


Quero que compreenda que o meu desejo é re-unir pelo amor re-construído, portanto, a minha intenção é mais que louvável. 


Entretanto, por um gosto pela lógica, gostaria de replicar através de algumas observações de trechos do seu texto que me entristeceram ou me surpreenderam:


“Eu já conhecia o conceito desse vídeo.“

Devo acreditar que você não o assistiu?


“Eu já fui tb à reuniões do AA com o Marcos.”

Por que desistiram?


“Marquinhos bebe desde que a gente reatou, ou seja, não cumpriu o combinado…”

Por não se tratar apenas de um combinado ordinário, a recaída não é plenamente previsível no alcoolismo?


“hj existe uma criança envolvida e eu não me sinto confortável em arriscar.”

Não existirá outro companheiro que amará mais o Pedro do que o Marcos. Não estará aí o risco?


“Acredito que o meu papel é o de proteger a saúde mental do Pedro e a minha tb..”

A do Pedro está plenamente garantida pelo notório amor entre os dois. A sua estaria pela reconstrução do antigo amor entre vocês. O amor não é apenas um sentimento, mas sobretudo um ato de construção gradual inteligente. 


Peço que compreenda a minha réplica como um esforço meio a contragosto porque parece intromissão, não é, garanto-lhe, é um gesto franco de generosidade com vocês três. 


Caíque.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Considerações sobre o alcoolismo.

Considerações sobre o alcoolismo.


O alcoolismo é uma grave doença crônica, já catalogada (CID F10 –Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool), mas ela leva consigo um agravante: é confundida com desvio de caráter, pelo vulgo em geral e – pasmem! – por alguns médicos também. Pela minha observação, o desvio de caráter pode vir, às vezes até como um mecanismo de defesa do dependente, num patamar mais avançado da doença, quando o alcoólico passa a mentir, a negar que bebeu, a dirigir alcoolizado arriscando sua própria vida e a de outros, a comprometer suas responsabilidades familiares e profissionais…


Mesmo grave, sendo compreendida com uma dose de paciência e solidariedade familiar é possível ser controlada, através: a.) dos desvios dos gatilhos que levavam a beber. Um desses desvios de gatilhos é pela prática do exercício físico que o familiar deverá se determinar pacientemente a acompanhá-lo, embora no início vá perceber sua resistência em ir; b.) do convencimento em frequentar, também como companheiro solidário, os Alcoólicos Anônimos (AA), essa formidável entidade sem qualquer outro objetivo a não ser a recuperação dos alcoólicos. 


Ao escrever no parágrafo anterior que a doença é possível de ser controlada mostrando o caminho, ouvi também em reunião dos AA depoimentos de vários alcoólicos em recuperação que estavam no fundo do poço e já há 30 (trinta!) anos não bebiam. Mesmo sabendo do risco que corriam – não me pareciam ingênuos absolutamente– consideravam que sua dignidade, sua saúde e suas finanças estavam finalmente recuperadas. E como era emocionante vê-los contar para nós, estranhos, com seriedade e franco desprendimento, suas tristíssimas histórias passadas e, com júbilo claro em seus olhares, as posteriores bem-aventuradas já de recuperação. Confesso que quando cheguei em casa, rezei por eles todos, ainda emocionado, sem entender a razão de um suposto eventual estigma dessa entidade tão merecedora de consideração e respeito.


A minha profunda admiração, primeiro, aos que, com esperança e determinação, conseguem força para a recuperação e, segundo, aos que, com solidariedade e paciência, se dispõem a acompanhar pessoas acometidas por esse mal, já pesado por si só, e mais o agravante que carrega: a errônea, ignorante e perversa ideia de que seria um desvio de caráter.


(Esse texto é dedicado também à dra. Erlane, quem primeiro levou a um centro dos AA a pessoa para quem, com todo o meu amor, escrevo essas considerações, e à Gilda que tomou para si a continuação do generoso gesto da Erlane).

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

domingo, 24 de novembro de 2024

Para seus 67 anos.


O 67º aniversário da Gilda, 24 de novembro de 2024, nos surpreendeu com a crise de dependência do álcool e, consequentemente, ao que tudo indicava, o fim do casamento do nosso filho que nos abalou muito. Esse poema foi meu gesto de amor, o meu estímulo para sua luta travada contra a dependência dele, frequentando o AA junto com ele, mostrando sua força e cuidado maternais, enquanto eu me dedicava a levá-lo a pedalar e nadar comigo para desviá-lo dos gatilhos para beber. Esses foram nossos papeis de pais amorosos.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Uma reflexão na perspectiva do Pedro

Queridos  Kaká e Marcos…


Uma reflexão na perspectiva do Pedro.


Kaká, um dia, comovido com seu surpreendente primeiro desabafo comigo sobre o seu sofrimento em relação ao comportamento do Marcos, emiti minha opinião para que você tivesse a certeza de que estávamos do seu lado: Se você fosse minha filha, eu a aconselharia a se separar. 


Tenho remoído isso em mim, primeiro: por ter sido parcial por não ter levado em conta a perspectiva do Pedro, parte importantíssima no drama; segundo: pela impressão de ter, de algum modo, influenciado, já que logo veio a acertada decisão de vocês da separação de corpos. 


Digo acertada porque nada melhor do que o espaço privado e um tempo generoso reservados para aprofundar reflexões e sopesar prós e contras levando em conta os nossos bons valores que numa decisão definitiva afetam tantas vidas, uma delas talvez de forma irreversível, e aqui insisto: a do Pedro. Daí porque peço que esse tempo de separação de corpos seja generoso consigo mesma (dê todo o tempo que lhe for necessário), torcendo com toda genuína força de minha alma pelo resgate do casamento. 


Marcos, você sabe minha opinião sobre crises matrimoniais, os dois têm suas parcelas de responsabilidade, mas um deles normalmente tem a de maior peso. Tenho me empenhado para a superação das suas depressão e ansiedade  forçando-o a fazer exercícios comigo para desviá-lo dos gatilhos da bebida. Fizemos um acordo de retiro aqui em casa, mas com a condição de você se submeter à nossa autoridade. Estamos tendo sucesso, hoje é o quinto dia com exercícios de caminhada, bicicleta, natação e, sob a inspiração dos AA, a lembrança: “Hoje, eu não vou beber!”.


Sei que você tem uma doença crônica, mas conheço uma pessoa que não bebe há 25 anos (comprovei recentemente) e preservo a esperança de que você consiga o mesmo.


Enfim, por estar me remoendo pela razão que expus no início, gostaria de neutralizar esse mal estar e, quem sabe, sensibilizar vocês dois com esse poeminha emocionado ao ver o Pedro chorar aqui em casa perguntando pelo papai dele e, em nome dele, sugerir como na foto: só mais um esforço do casal! 


Com o meu mais sincero amor aos três,


Caique.




quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Mensagem a um sionista tupiniquim

Sionista tupiniquim…


Para se compreender um pouquinho melhor a questão palestina é preciso saber dos antecedentes, sem saber deles é ignorância, daí é que sugeri leituras às quais você se recusou categoricamente.


Entretanto, insisto em que procure saber do que se trata a Declaração Balfour (1917), anterior ao Mandato Britânico na Palestina (1920-1948), o terrorismo judeu contra o Mandato Britânico, por exemplo, com a explosão do Hotel King David onde ficava a sede do Mandato, cuja detonação foi liderada e executada por Yitzhak Rabin, que se tornou o 5º primeiro-ministro de Israel, com o intuito de intimidar o Mandato (e intimidou!) que acabou levando à traição Britânica da causa palestina e à injusta divisão territorial feita pela ONU onde a maioria de um povo ficou com a menor parte do território, daí a razão da invasão árabe no dia seguinte ao 14 de maio de 1948. 


O sionismo, criado no século XIX pelo judeu húngaro Theodore Hertzl, é uma ideologia de extrema direita que preconiza um Estado judeu colonial e racista. Estive na Cisjordânia, Belém fica lá, a entrada é policiada por judeus. Vi nosso guia conversando com eles e depois chegou dizendo que não ia entrar. Perguntei tudo: se eram judeus os policiais, por que ele não ia entrar. Mais: há inúmeras colônias de Israel dentro da Cisjordânia, judeus vindos de toda parte da Europa. 


Árabes que moram  há anos em Israel são cidadãos de segunda categoria, até para contraírem matrimônio têm que pedir autorização ao rabinato, que judeus não precisam. Por essas e outras, o Estado é colonial e racista. E se tornou um Estado teocrático, o que a imprensa ocidental não revela.


Entretanto, isso é o de menos. O essencial é o direito adquirido por Israel de matar os seus netinhos, sionista tupiniquim, os meus netinhos… porque é isso o que eles estão fazendo com os equivalentes palestinos, mais de 70% dos mortos nesta limpeza étnica são crianças e mulheres, velhos e doentes, sem que sensibilize seus defensores mundo afora, sei que são poucos em decorrência das atrocidades do sionismo, a versão judia do fascismo. Ante esse horror, tenho chorado. Felizmente, a nossa anfitriã intercedeu e paramos porque ouví-los mais ia me fazer me arrepender de ter ido a um encontro que enfim foi muito agradável.


Você pode responder com qualquer mensagem, mas eu não continuarei, ante essa insensibilidade não há diálogo possível.


Caíque.


De coração estaremos!

domingo, 20 de outubro de 2024

terça-feira, 8 de outubro de 2024

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Com café brindo à Denise

Acompanhando a escalada da violência das guerras que aí estão, através dos analistas geopolíticos e militares, tem me deixado preocupado e insone. Esta noite foi de cão, mas reverto para alguma criatividade e fiz uma crônica narrativa em forma de poema. Esta cabe aqui porque diz respeito aos meus pensamentos de manhã que alternavam entre as notícias da guerra e o teu aniversário.



quinta-feira, 12 de setembro de 2024

domingo, 25 de agosto de 2024

terça-feira, 23 de julho de 2024