quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

sábado, 12 de fevereiro de 2022

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

No crepúsculo

O ovo da serpente


 O ovo da serpente.

Segundo Freud, todos temos o impulso de vida (eros) e o impulso de morte (tanatos). Na mente saudável prevalece o impulso de vida; na doentia, o de morte.

Em sintética definição, Robert Owen Paxton, cientista político e historiador americano especializado em Vichy, França, fascismo e Europa durante a Segunda Guerra Mundial, diz que “o fascismo é o culto da morte”, portanto o tanatos prevalecendo na sociedade. É o transe coletivo do impulso de morte. 

Não foi implantado institucionalmente o fascismo entre nós porque não conseguiram criar um partido fascista, mas já está sendo aventada a hipótese. 

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/02/4983875-entenda-o-caso-de-apologia-ao-nazismo-iniciado-pelo-youtuber-monark.html

Não ter um partido fascista não significa que não temos a ideia circulando entre nós. Porque ela está aí, sorrateira.

Os organismos internacionais sabem que 20 a 30 por cento de nós tem uma tendência fascista que pode ampliar por contágio e propaganda. O diplomata Sérgio Corrêa da Costa em seu livro Crônica de uma Guerra Secreta diz que por esta razão o Brasil nunca conseguiu uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, sempre pleiteada. 

Precisamos de um plano para trazer de volta do atual transe amigos, familiares, gente que faz parte de nós. 

Se não fizermos isso, mesmo que outro presidente vença as próximas eleições, o ovo da serpente sempre pode voltar.

A serpente está sempre a chocar seu ovo, o fascismo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

domingo, 6 de fevereiro de 2022

O palmito silvestre

 

O palmito silvestre

Diz-se que o sujeito que ocupa a cadeira presidencial é, antes de tudo, um sincerão. 

É…? Se fosse um amante da sinceridade, o indisciplinado adolescente não teria entrado na AMAN, onde se supõe ser lugar de disciplina; o incendiário militar incapaz de dialogar, expulso das FFAA, não teria sido deputado na Câmara Federal, onde se supõe ser o espaço de grandes diálogos para daí se elaborarem nossas leis; o ineficaz político que não comparece ao prévio democrático confronto de candidatos para que o povo possa escolher um deles, não teria pleiteado a cadeira que se supõe a do maior cargo executivo de uma democracia; não teria espalhado tantas fake news, não teria feito um pacto com Moro para que este fizesse o diabo – e fez, praticando lawfare – para prender Lula e vencer a eleição. O acordo seria a indicação para o STF.

Venceu e, como um Forest Gump (invertido) cujos antônimos de simplicidade e inocência influenciaram uma parte da população que em tudo o apoiou,  foi absolutamente irresponsável na condução da pandemia, sem atender às razões científicas, enfiando goela abaixo do povo placebos para a Covid19, e, posteriormente,  mentiu inúmeras vezes se dizendo a favor da vacina – era a sua impostora palavra contra o fato real que acabou matando quase setecentas mil pessoas. Como é que seus adeptos não acordam? 

Querendo parecer popular agarrou-se a um frango com farofa no meio da rua sujando tudo – triste imagem do povo! – ficamos sabendo que havia ali um script montado por seu filhão, aquele que quer ser aprovado pelo papaizinho à fina força – sórdida família de milicianos!

Nunca entendi, e me incomodava mesmo, como tantos puderam chamar este verme de mito. Fiquei sabendo recentemente que ele cresceu em Eldorado, noroeste paulista, para onde a família se mudou quando ele era criança. Terceiro filho entre seis (três meninos e três meninas), gostava de caçar, pescar e colher palmitos silvestres que os vendia, por isso e por ser magrelo, os amigos o apelidaram de Palmito que, com o tempo, acabou reduzido para somente mito. Certamente, algum amigo de infância introduziu o apelido na campanha e os tolos acreditaram no mito heróico - eita!

Ri muito, o mito não passa de um minimalismo, de uma redução preguiçosa de palmito, enfim, de uma corruptela.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Minha mãe e seu autor preferido


Minha mãe e seu autor preferido. 

Minha mãe era uma ávida leitora de jornal. Não me lembro de tê-la visto lendo muitos livros, mas dois autores me fazem lembrar dela: o francês Gustave Flaubert – ela tinha uma edição de Madame Bovary num livro estreito e comprido cuja capa era de veludo cor de vinho, já muito estragada que tive de mandar reencadernar e reli nesta versão impressa em março de 1959 nas oficinas da Edições Alarico Ltda.; e o austríaco Stefan Zweig cuja obra ela tinha completa. Tanto o livro de Flaubert quanto a coleção de Zweig, eu trouxe aqui pra casa. 

Autor que ela amava, austríaco de origem judaica que fugindo do nazismo passou pelo Brasil, se apaixonou e acabou ficando. Foi morar em Petrópolis, onde, em 1942, deprimido com as notícias dos avanços alemães na guerra, ele e a mulher decidiram dar fim às próprias vidas. 

Lembro que mamãe lia seus livros e emprestava para a tia Alazi, mãe da Alania. Cheguei a ouvir as duas comentando a leitura de um ou outro livro. Por ouvi-las e porque há um livro dele que se chama Três Novelas Femininas é que eu, adolescente,  achava que Zweig era um autor de assuntos de mulher. Desde o começo da pandemia, li com muito interesse as “Três Novelas Femininas”, “Brasil, país do futuro”, e os ensaios sobre Freud, Tolstói e Nietzsche. 

Gilda está lendo a biografia de Maria Antonieta, a austríaca rainha da França, casada com o rei Luis XVI, e acaba de me contar que eles tiveram dois filhos e duas filhas, a última, que viveu apenas 11 meses se chamava Sofia Beatriz, nome de uma de minhas irmãs. 

Mamãe deu nomes compostos até o quarto filho: João Luiz, Sofia Beatriz, Carlos Henrique e Dante Junior; e a partir do quinto, nomes simples: Denise, Ricardo, Leonardo, Monica, e Alexandre. Sempre observei essa mudança em seu critério nas escolhas de nossos nomes, mas nunca soube a razão. Entretanto, combinar os nomes compostos é mais trabalhoso. Imagino que foi o que a fez mudar de critério.

O meu nome, ela me disse que tirou de uma lista de engenheiros formandos da turma de 1953. João Luiz tem o nome dos nossos dois avôs, João, o paterno, e Luiz, o materno, que eram irmãos. Dante Junior é óbvio, e Sofia Beatriz, eu nunca soube, e agora cheguei a pensar que tinha sido inspirado pela leitura da biografia de Maria Antonieta, escrita por Zweig, mas conversando com minha irmã, ela tem outra versão: Sofia foi o nome de uma freira, colega de Ritinha, irmã caçula de minha mãe, também freira, que sugeriu, e minha mãe acrescentou Beatriz, personagem de Dante Alighieri. Homenagem indireta ao meu pai?

A propósito deste autor preferido de minha mãe, Stefan Zweig, seu ótimo livro sobre o Brasil é notável pelo título que virou um verdadeiro estigma para nós: Brasil, (eterno) país do futuro.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022