sábado, 26 de março de 2022

No ano do cão, um diálogo com a bozoista

 


No ano do cão, um diálogo com a bozoísta. 

Há pouco tempo, a bozoísta dizia orgulhosamente que o Mandetta tinha sido uma escolha pessoal do mito. Não foi, só que ela não sabia. Hoje, ela diz que odeia o Mandetta, o Teich…

Ela diz:

– Na minha idade, não erro mais. 

– E o Moro, seu ídolo, você errou feio!  – Provoco. 

– Odeio! Quando erro, eu admito. 

– Não se trata disso, mas que você disse que na sua idade não erra mais. Você o amava!

– Amava, mas não amo mais! 

– Errou, então!  E o Celso de Mello, você não odeia! – Ironizo. 

– Odeio também!

– Mas há pouco tempo você o elogiava, “o decano do STF”, você dizia, conhecedora de todos ministros do tribunal. A bem da verdade, é o único de suas paixões que é sério. Conservador, mas sério. Você erra todas, com ele você até chegou a acertar e agora erra.

– Agora o odeio, assim como o seu Papa Francisco e todos os esquerdistas hipócritas! 

– Hoje, pra você, só quem sabe das coisas é o Bozo?  E por que somos hipócritas?

– O Bolsonaro é autêntico! Quem nós amamos são os nossos pais e filhos; e não os pobres e humildes. Isso é hipocrisia das brabas. Vocês são hipócritas porque dizem que amam os pobres e humildes.

– Não dizemos isso. Temos compaixão por quem sofre. Compaixão é tristeza causada pela tragédia alheia e que desperta a vontade de ajudar. Ainda não é amor, é pertinho. Cristo foi quem amou e fez a opção por eles. Ele foi hipócrita?

– Isso é o que você diz. Todos os seus apóstolos eram pequenos empreendedores do setor da pesca. 

(Não pude deixar de rir.)

– Você nem se compadece dos empobrecidos e humilhados?

– Não. Sou autêntica como o Bolsonaro! 

– Nem gostaria que o mundo fosse diferente?

– O mundo sempre foi assim! 

– Você não acha que está querendo colocar uma bela moldura de autenticidade na sua indiferença, ou melhor, na sua perversidade? Porque a sua indiferença chega a ser uma perversão.

– Você tem a mania de filosofar, me poupe! Eu quero é que a esquerda se acabe!

– A esquerda é uma reflexão civilizada sobre as injustiças sociais. Não acaba. Ressurge e viceja! O socialismo é como carvões ardentes de um grande fogo extinto (no original: “Le socialisme est comme charbons ardents d'un grand feu éteint"). Sabe por que, minha linda?  Porque ninguém vive sem uma utopia. 

Ela bodeja:

– %$#@ˆ&*()%$#@! 

Eu rio:

– kkkkkk...

quinta-feira, 24 de março de 2022

A panaceia


 A panaceia


A necropolítica vigente surpreende pelo número dos adeptos: boa parte da comunidade médica e da classe média.


Primeiro a cloroquina. 


Se soubessem a origem da exaltação da cloroquina, talvez não aderissem a ela porque eles odeiam a China. Foi nos primeiros casos de covid-19 em Wuhan, quando o desconhecimento da doença era total e médicos chineses foram induzidos ao erro de que a cloroquina oferecia algum benefício. 


Antes da percepção do erro, o médico microbiologista francês que leciona doenças infecciosas na Universidade de Aix/Marselha, dr. Didier Raoul, pegou os relatórios chineses, estudou, fez também sua própria insuficiente pesquisa, divulgou para a Europa e para o resto do mundo a hidroxicloroquina como tratamento para a doença. 


Depois, a estatística constatou que 85% dos pacientes eram acometidos de forma leve; 10% de forma moderada; e 5% de forma grave, com ou sem a cloroquina. Uma pesquisa insuficiente foi o que induziu ao erro e tanto os médicos chineses como o dr. Didier já fizeram o mea-culpa se pronunciando sobre a ineficácia do medicamento que anda fora das polêmicas.


Depois a ivermectina.


De onde surgiu a exaltação desse vermífugo? De uma experiência laboratorial, in vitro, que mostrou algum resultado positivo contra o coronavírus. Mas a comunidade médica sabe muito bem que uma experiência in vitro não necessariamente tem o mesmo resultado in vivo. Além de que a experiência laboratorial foi feita com uma dosagem equivalente a 200 comprimidos do medicamento que desencadearia uma insuficiência hepática fatal em um ser humano. Aviso aos doidinhos, nenhuma farmácia tem essa quantidade em estoque. O surpreendente é os médicos saberem de tudo isso e, mesmo assim, prescreverem. 


Polemistas leigos alegam que os africanos tomam a ivermectina há muito tempo, mas não dizem para que tomam nem a dosagem. Alerto que eles tomam como vermífugo e em doses prescritas de forma controlada, nunca de uso contínuo. Aqui no Brasil, parte da comunidade médica, a responsável, tem chamado a atenção de casos de insuficiência hepática porque a população a tem usado continuadamente.


Eis a origem da panaceia da necropolítica do genocida que segue fazendo os estragos nunca vistos na nossa história, e pior, seguida e defendida com ferocidade pelos incautos.

Bozoista, petrolão é o entreguismo que você não se dá conta.


 Bozoista, petrolão é o entreguismo que você não se dá conta.


A defesa do Bozo feita por bozoista é sempre o ataque ao Lula, Dilma e PT: mensalão e petrolão. Mesmo que o Intercept tenha denunciado todas as falcatruas do juiz Moro no processo que  julgou Lula, o bozoista fica cego, surdo, grosseiro, vira papagaio repetindo petrolão, petrolão, petrolão... depois emudece e foge duma discussão razoável. Nada entende, nem quer entender que ele, como todo o povo brasileiro, é o mais prejudicado pelos factóides manipulados pela elite para solapar a soberania do país. 


Duas perguntinhas poderiam ser feitas: se a empresa está falida, por que alguém iria comprar? Ora, porque não está falida, ela dá lucro. E se dá lucro, por que vendem? Porque se beneficiam na venda.


A corrupção na Petrobras foi denunciada desde o governo FHC e não é ela o problema maior, até porque pode se fazer uso do direito administrativo para se higienizar uma empresa de economia mista, mas a diluição do seu patrimônio, a venda pela elite entreguista do país, este sim, é o maior problema.


Por FHC foram vendidas a maior parte das suas ações na Bolsa de NY,  a Petroquímica, a Braskem (um escândalo!). Por Temer e Bolsonaro, muitas subsidiárias: fábrica de fertilizantes, rede de gasodutos, termoelétricas, biodiesel, BR Distribuidora, abastecimento de aeroportos (o filé de Guarulhos), postos de gasolina (a maior rede do Brasil), campos de petróleo na bacia de Campos, todos os campos de produção em terra na cidade de Mossoró, pré-sal. 


A rede de gasodutos que liga Bolívia, Rio Grande do Sul, São Paulo, continua pela zona de produção de Campos (RJ), Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará foi vendida para uma empresa canadense a quem hoje a Petrobras paga aluguel para usar.


Sete refinarias, de um total de treze, estão à venda. A China está pronta para comprar. Bozoista, você que não queria uma bandeira vermelha, vai engolir essa?


No quadro de 2010, exposto aqui, a Petrobrás era a 4ª maior empresa do mundo. Seu valor patrimonial desde FHC até hoje vem caindo, mas ainda é uma grande empresa de economia mista.


O valor de mercado de uma empresa varia conforme as oscilações da bolsa que estão à mercê de fatos políticos (factóides) muitas vezes criados com o intuito de provocar na opinião pública uma disposição contra a empresa.  


Se fossemos mais politizados poderiamos reagir à destruição da soberania nacional cujo pilar mais importante é a Petrobras.





O narcisismo entranhado


 O narcisismo entranhado.


Recebo num grupo de whatsapp um vídeo do Jornal das Seis, da 96 FM, de uma entrevista com uma médica que defende o tratamento precoce para a covid19. Nós, leigos, sabemos que a comunidade médica está dividida quanto a isso e tenho defendido o posicionamento de aderirmos à opinião do médico de nossa máxima confiança. No meu caso, um filho que está na linha de frente do combate em UTIs de covid19, atualizado e sempre se atualizando com os protocolos divulgados pelas entidades pesquisadoras de maior credibilidade internacional que opinam não haver tratamento precoce.


A reação que suponho deveríamos ter ao ouvir essa entrevista é de pasmo e tristeza ante a divisão da comunidade médica, já que não podemos nem sabemos julgar porque não somos especialistas, mas o que vejo são aplausos e aprovação como se o fossem.


Já sei que contra a ivermectina, agora a estrela do tratamento precoce, a Merck, laboratório que a fabrica, já se pronunciou afirmando que o medicamento não é apropriado para a covid19; a médica entrevistada pelo Jornal das Seis já foi interditada pelo Youtube por divulgar o que não há comprovação científica; nenhum país que está melhor do que o nosso aderiu ao medicamento, então, faço a pergunta aos meus sóbrios botões: por que o aplauso, o elogio à médica, como se pudessem por conhecimento (que não têm) julgar? Não seria o caso de humildes reflexões apenas?


Meus sóbrios botões dizem “– menos!” se referindo aos aplausos e elogios, e aventam a hipótese de que aplaudem e elogiam porque é justamente o que querem ouvir: a aprovação da suas próprias vaidosas opiniões advindas de seus insipientes conhecimentos do assunto, enfim, trata-se de um narcisismo entranhado, mas que não percebem que têm.

Do riso ao pranto


 Do riso ao pranto


“O holocausto é um massacre de pessoas indefesas” (Atualização da frase de Claude Lanzmann)


Houve um tempo em que criava-se estória sobre o presidente para o próprio deleite. Diz o anedotário presidencial que ao ouvir o presidente americano Harry Truman se apresentar com um “How do you do, Dutra?” , Eurico Gaspar Dutra respondeu: “How tru you tru, Truman?” e o nosso riso era solto.


Depois, inverteu, veio o tempo da truculência deles contra nós com o “prefiro o cheiro de cavalo do que o cheiro de gente” de Figueiredo e o nosso riso era amarelo.


Passou pelo tempo da jactância com o “eu tenho aquilo roxo!” de Collor e o nosso riso era sardônico, de desdém. E por aí vai...


Hoje, pranteamos. A morte nos ronda – já são mais de 650.000 – e nos angustia, não rimos mais, nos causa horror e indignação ouvir frases irresponsáveis feito essas:


“é só uma gripezinha”, “não sou coveiro”, “e daí?” “Todo mundo morre um dia”, “invadam hospitais e filmem leitos vazios”, “bundão tem mais chance de morrer”,  “país de maricas”, “mergulhei de máscara também para não pegar covid dos peixinhos”... e mais os gestos e imitações dos agonizantes asfixiados.


Tudo isso é de lascar!


Quem deveria assumir a liderança do combate ao vírus se tornou parceiro do vírus. Quem, um dia, disse abertamente que os governos ditatoriais deveriam ter matado uns 30.000, aliou-se ao vírus e decuplicou a cifra. 


Ante a pandemia, estamos frágeis e indefesos. Com medo do vírus, não podemos reagir com a ira santa que o momento merece e defenestrar o psicopata que ocupa equivocadamente a cadeira presidencial. 


É como se estivéssemos vivendo o holocausto brasileiro, numa fila de espera sem saber quem será o próximo a ir para a câmara de gás,  e isso me faz lembrar da frase do judeu, escritor e cineasta sobrevivente da ocupação nazista na França, Claude Lanzmann: “O holocausto foi um massacre de pessoas indefesas”.

sábado, 12 de março de 2022