Do riso ao pranto
“O holocausto é um massacre de pessoas indefesas” (Atualização da frase de Claude Lanzmann)
Houve um tempo em que criava-se estória sobre o presidente para o próprio deleite. Diz o anedotário presidencial que ao ouvir o presidente americano Harry Truman se apresentar com um “How do you do, Dutra?” , Eurico Gaspar Dutra respondeu: “How tru you tru, Truman?” e o nosso riso era solto.
Depois, inverteu, veio o tempo da truculência deles contra nós com o “prefiro o cheiro de cavalo do que o cheiro de gente” de Figueiredo e o nosso riso era amarelo.
Passou pelo tempo da jactância com o “eu tenho aquilo roxo!” de Collor e o nosso riso era sardônico, de desdém. E por aí vai...
Hoje, pranteamos. A morte nos ronda – já são mais de 650.000 – e nos angustia, não rimos mais, nos causa horror e indignação ouvir frases irresponsáveis feito essas:
“é só uma gripezinha”, “não sou coveiro”, “e daí?” “Todo mundo morre um dia”, “invadam hospitais e filmem leitos vazios”, “bundão tem mais chance de morrer”, “país de maricas”, “mergulhei de máscara também para não pegar covid dos peixinhos”... e mais os gestos e imitações dos agonizantes asfixiados.
Tudo isso é de lascar!
Quem deveria assumir a liderança do combate ao vírus se tornou parceiro do vírus. Quem, um dia, disse abertamente que os governos ditatoriais deveriam ter matado uns 30.000, aliou-se ao vírus e decuplicou a cifra.
Ante a pandemia, estamos frágeis e indefesos. Com medo do vírus, não podemos reagir com a ira santa que o momento merece e defenestrar o psicopata que ocupa equivocadamente a cadeira presidencial.
É como se estivéssemos vivendo o holocausto brasileiro, numa fila de espera sem saber quem será o próximo a ir para a câmara de gás, e isso me faz lembrar da frase do judeu, escritor e cineasta sobrevivente da ocupação nazista na França, Claude Lanzmann: “O holocausto foi um massacre de pessoas indefesas”.
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