domingo, 30 de janeiro de 2022
Sem chance
sábado, 29 de janeiro de 2022
O trânsfuga
sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
Artigo publicado no jornal O Povo em 2004
Contradição
quinta-feira, 6 de janeiro de 2022
Discussão política
Discussão política.
É difícil conversar com um adepto do mito. Não acredita que exista uma ciência política que tem seus conceitos que diferenciam revolução e golpe de Estado, ou que define o que seja espectro ideológico, por exemplo, a extrema direita.
Quando tento explicar, vira a cara, começa a conversar com outra pessoa acintosamente. Outro dia, eu quis mostrar-lhe porque o atual governo é de extrema direita por apenas cinco – para não aborrecer – caraterísticas que a ciência política define:
1. culto à violência
2. militarismo
3. indiferença em relação aos vulneráveis
4. reformulação do passado criminoso dos golpes militares
5. paralisação do processo de institucionalização da soberania popular
Insisto que o atual governo se enquadra aí. Ele simplesmente retruca: "eu não acho”, sem dizer as razões. Seu achismo é suficiente.
Não se dá conta que o símbolo que usam é a mão que imita a arma que ameaça (1); que o governo está lotado de militares (2); que a indiferença em relação aos contaminados por covid é reincidente (3); que a apologia ao torturador da ditadura foi propagada na televisão (4); que o combate à cultura e às disciplinas críticas, positivamente influenciadoras para se alcançar a soberania popular, é um fato notório (5).
Na mesma conversa, me diz que não vê diferença entre revolução e golpe de Estado. Digo-lhe que a ciência política diferencia e há dois critérios:
1. o critério jurídico, o da origem do poder.
Há golpe de Estado quando o usurpador já está na esfera do poder vigente. Exemplo: Pinochet era ministro de Allende e o assassinou para tomar seu lugar.
Já numa revolução, seu líder é estranho ao poder vigente. Exemplo: Fidel Castro estava na Sierra Maestra combatendo o governo de Fulgêncio Batista, vence e o expulsa;
2. o critério sociológico, o da quantidade do apoio populacional.
Há golpe de Estado quando a minoria da sociedade apoia e só ela se beneficia do ato.
Já a revolução é apoiada pela grande maioria da população que é beneficiada por ela.
Para o bozoísta típico, a política se resume no combate à corrupção. Digo-lhe que, pelo site da transparência internacional, o Brasil está na média e que a sonegação empresarial impacta sete vezes mais a economia do que a corrupção política. Se a sua preocupação com o Brasil fosse genuína, só por este dado o seu combate deveria começar pela sonegação. A obsessão pela corrupção revela uma imaturidade política, já que não percebe o ardil das elites para que nos desviemos do ponto chave da política: a luta pelo orçamento do Estado, de um lado, famílias, pequenas e médias empresas, contra o outro lado, as grandes corporações.
Tento ser paciente, mas recebo o troco: seu desdém ao que para ele é um conhecimento teórico insuportável.