segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Um vício muito feio
sábado, 15 de outubro de 2022
Fascista?
FASCISTA?
Da mesma polêmica sobre o genocídio, meu interlocutor – honesto, frise-se – reclama do exagero do termo fascista usado contra Bolsonaro:
– Todos dizem o que bem entendem. A direita chama de comunistas o Brasil petista e a Venezuela bolivariana, e diz que o fascismo é de esquerda. Agora você, com o uso do termo fascista. Nem você nem a direita estão corretos.
Quanto ao Brasil petista e Venezuela bolivariana serem comunistas, pergunto:
– Onde há no mundo um país comunista? O comunismo pressupõe o fim do Estado pela sua absoluta desnecessidade ante a suposta futura ausência das classes sociais. Onde há no mundo um país sem Estado? Se há ainda um Estado, ou o país é capitalista ou é socialista. Sendo socialista, o poder só se implantou através de uma revolução: a antiga URSS, China, Cuba, Vietnã. Onde e quando se deu a revolução brasileira petista? Ainda: a principal diferença entre um Estado capitalista e um Estado socialista é que naquele, a propriedade dos meios de produção é individual, neste, é prioritariamente coletiva. A Venezuela não tem prioritariamente empresas privadas? Eles não respondem. Não sabem.
Quanto ao fascismo ser de esquerda:
– Já ouviram falar de uma das mais sanguinárias batalhas já travadas pela humanidade, a de Stalingrado, onde os vencedores socialistas da antiga União Soviética (URSS) se debateram contra o poderoso exército nazista (fascismo alemão)? Ora, sendo a URSS socialista, extrema esquerda, a inimiga mortal da Alemanha nazista, por lógica, esta não seria a extrema direita?
Continuo:
– A direita brasileira que aí está berrando não tem base teórica. Como no argumento do genocídio, em relação ao fascismo tenho o suporte teórico do Umberto Eco, pensador italiano que debruçou-se sobre o tema e chamou o fenômeno europeu (Itália, Alemanha, Espanha, Portugal) Fascismo Clássico. Aos atuais, ele cunhou a expressão Fascismo Eterno e traçou o perfil do fascista com as seguintes características:
01. machismo
02. homofobia
03. misoginia
04. tradicionalismo
05. elitismo
06. recusa da modernidade
07. irracionalismo
08. não aceita a crítica
09. não aceita a diversidade
10. frustração individual ou social
11. nacionalismo exacerbado
12. ressentimento
13. vida para a luta
14. mania de heroísmo
15. militarismo
Um outro pensador, brasileiro, Vladimir Safatle, arrematou: O discurso de Bolsonaro é marcado pelo(a):
01. culto da violência
02. militarismo
03. indiferença absoluta em relação a grupos vulneráveis
04. desrecalque do passado criminoso de ditaduras militares
05. paralisação do processo de institucionalização da soberania popular.
Isso só tem um nome: FASCISTA. E contra ele, as sociedades não têm o direito à contemporização.
Genocida?
GENOCIDA?
Sim, genocida! Respondo ao interlocutor que acha que exagero. A tese da imunização do rebanho é genocida e foi defendida por Bolsonaro.
Senão vejamos: o Brasil tem aproximadamente 215 milhões de habitantes. Pela tese da imunização do rebanho, se 70% (150 milhões) dessa população for contaminada, a sociedade estaria imunizada. O índice de mortalidade da covid19 é 4%, aplique em 150 milhões, dará 6 milhões de pessoas mortas, o mesmo número de judeus no holocausto.
O interlocutor ainda não aceita e diz: – Não corresponde à definição clássica de genocídio.
Digo: – Acrescentemos um qualitativo: “Genocídio Velado” ou mudemos o termo: “Extermínio”. Não mudará o número dos mortos ou dos que morreriam se fosse aplicada a tese defendida por Bolsonaro”.
Há um pensador atual que afirma categoricamente: o atual governo brasileiro aplica a necropolítica.
Então é isso: uma necropolítica que deu num extermínio de 700.000 brasileiros.
Alguns foram nossos entes e amigos queridos.