Há alguns meses fui convidado para uma confraternização e quase me envolvi numa discussão com um pró sionista, felizmente intercedido delicadamente pela anfitriã que neutralizou qualquer tema polêmico. Em casa, porém, escrevi-lhe uma mensagem que ora publico sem nomeá-lo.
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Sionista tupiniquim…
Para se compreender um pouquinho melhor a questão palestina é preciso saber dos antecedentes, sem saber deles é ignorância, daí é que sugeri leituras às quais você se recusou categoricamente.
Entretanto, insisto em que procure saber do que se trata a Declaração Balfour (1917), anterior ao Mandato Britânico na Palestina (1920-1948), o terrorismo sionista contra o Mandato Britânico, por exemplo, com a explosão do Hotel King David onde ficava a sede do Mandato, cuja detonação foi liderada e executada por Menachen Beguin, que se tornou o 6º primeiro-ministro de Israel, com o intuito de intimidar o Mandato (e intimidou!) que acabou levando à traição Britânica da causa palestina e à injusta divisão territorial feita pela ONU onde a maioria de um povo ficou com a menor parte do território, daí a razão da invasão árabe no dia seguinte ao 14 de maio de 1948.
O sionismo, criado no século XIX pelo judeu húngaro Theodore Hertzl, é uma ideologia de extrema direita que preconiza um Estado judeu colonial e racista. Estive na Cisjordânia, Belém fica lá, a entrada é policiada por judeus. Vi nosso guia conversando com eles e depois chegou dizendo que não ia entrar. Perguntei tudo: se eram judeus os policiais (sim foi a resposta), por que ele não ia entrar (porque era perigoso para ele, judeu, sendo substituído por uma guia palestina). Mais: há inúmeras colônias de Israel dentro da Cisjordânia, judeus vindos de toda parte da Europa.
Árabes que moram há anos em Israel são cidadãos de segunda categoria, até para contraírem matrimônio têm que pedir autorização ao rabinato, que judeus não precisam. Por essas e outras, o Estado é colonial e racista. E se tornou um Estado teocrático, o que a imprensa ocidental não revela.
Entretanto, isso é o de menos. O essencial é o direito adquirido por Israel de matar os seus netinhos, sionista tupiniquim, os meus netinhos… porque é isso o que eles estão fazendo com os equivalentes palestinos, mais de 70% dos mortos nesta limpeza étnica são crianças e mulheres, velhos e doentes, sem que sensibilize seus defensores mundo afora, sei que são poucos em decorrência das atrocidades do sionismo, a versão judia do fascismo. Ante esse horror, tenho chorado. Felizmente, a nossa anfitriã intercedeu e paramos porque ouví-los mais ia me fazer me arrepender de ter ido a um encontro que enfim foi muito agradável.
Você pode responder com qualquer mensagem, mas eu não continuarei, ante essa insensibilidade não há diálogo possível.
Caíque.