"A melhor maneira de tornar as crianças boas é torná-las felizes" (Oscar Wilde)
Esperando o chamado.
O menino que tinha mais ou menos cinco anos estava sério e pensativo sentado no seu velocípede parado. Contaram-me que o homem que leva no pescoço um Tau, aquele símbolo heráldico de madeira em forma de T usado em seus hábitos pelos cônegos de Santo Antão, hoje adotado pelo fiel do Shalom que tem no mínimo dois anos como postulante ao ingresso no quadro de membros, é o pai da criança que está sendo educada para ser padre. Sorri, achando a estória um tanto anacrônica e, curioso, fui conferir entabulando com ela o seguinte diálogo:
– Oi, tudo bem?
Ela confirma com a cabeça.
– Tá brincando?
Nega também com a cabeça.
– Tá fazendo o que?
– Pensando.
– Tá certo… Você já sabe o que vai ser quando crescer?
– Ou rei ou papa, mas ainda não recebi o chamado.
– Tá esperando o chamado, né?
Confirma com doçura e seriedade.
Passei a mão em sua cabecinha de futuro papa – quem sabe? – e a deixei ainda pensativa.
Certamente não pensava sobre projeção paterna.
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