A despedida
A Guapuruvu aproveita
uma manhã ensolarada
embora ela já meio desfeita
mas uma parte dela dourada
para a todos dizer adeus!
Que chegou o tempo de ir embora
depois de conviver com seus
melhores amigos, é hora
de partir, já começa a dar
prejuízo (pequeno, ainda bem!)
já está fraquinha, e ficar
não dá, ninguém sabe o que vem:
"Deixo pra vocês a lembrança
do meu tamanho e beleza
e enquanto houve segurança
do amor aos amigos fui presa.
Com as crianças, delicada
perdoem-me o dano à casinha
mas só caí de madrugada
sim, foi deliberação minha."
Foi o que ela disse ao poeta
talvez seja imaginação
mas esta é a sua bondosa meta
de tocar nosso coração.
* Guapuruvu é o nome desta árvore enorme, frondosa e linda, mas de tronco e galhos frágeis, costuma cair com facilidade. Há muitas em Brasília, esta está no terreno da casa da Beatriz, já sem uma boa parte dela porque caiu numa madrugada da semana passada sobre a casinha de boneca, danificando o telhado. Desde que eu soube da sua fragilidade, tem sido motivo de minha preocupação porque corre o risco de cair sobre a casa. Já fiz, inclusive, um haikai-prece:
Guapuruvu grande
não caias, vive e as tuas
raizes expande!
João Victor já providenciou sua retirada e ontem me mandou essa bela foto com os primeiros raios de sol incidindo sobre seus galhos, dando-lhe um colorido especial que me inspirou a fazer esse poema-despedida.