A praia da Carmem
Filhos da burguesia não estão aqui. Jovens de no máximo vinte anos de idade, oriundos da comunidade do Poço das Dragas. A primeira vez que vim, abordei um casal que assim me recebeu: diga, “paizinho" (sorri porque fui tratado à maneira russa), e perguntei o nome da praia. Frequentam a praia da Carmem de um modo diferente dos filhos da classe média (belos, arrogantes, individualistas, narizes empinados). Há várias rodas de garotos e garotas batendo bola, todos misturados. Casais de todos os gêneros namorando sem serem incomodados, grupos que fumam, banhistas, o que ressalta aos meus olhos é a ausência de poses, das máscaras sociais, são mais espontâneos. Tenho também a impressão de que são subempregados de poucos estudos, mas se divertem, aproveitam suas juventudes numa parceria dos excluídos das benesses do dinheiro paterno, e incluídos num território que é claramente deles.
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