terça-feira, 14 de julho de 2020

O turco, as viagens e o baú


O turco, as viagens e o baú.

Do tempo que corona era uma cerveja e caminhava-se pela beira mar, fui me lembrar de um turco que, com espontaneidade, quis conversar comigo. Ele me lembrou de como eu me comportaria se o juízo não me freasse, quando estou viajando, o que me levou a escrever o poema O baú.


A estória do turco:

Distraído, caminho, passo por um senhor gorducho que balbucia algo incompreensível. Pouco depois, com passos apressados, volta e, tentando conversar comigo, gesticula, sorri, pega no meu ombro, parece querer me abraçar.  Como se o juízo lhe retornasse de repente, desiste. Aí me dou conta de que ele olha pra minha cabeça. Tiro o boné e vejo os símbolos da Turquia. Faço-lhe sinal para perguntar se é isso. O velho turco confirma enfático levantando os dois polegares e aponta pro seu coração. Um nacionalista, penso, sem deixar de pensar também no massacre dos armênios perpetrado pelos turcos nacionalistas. 

Uma vez nos entendido, seguimos cada qual pro seu lado e jamais nos vimos de novo.

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