sexta-feira, 16 de julho de 2021

A sincronicidade me socorre


 A sincronicidade me socorre


Sincronicidade é um conceito junguiano. Foi desenvolvido pelo médico suíço Carl Gustav Jung. É também chamada por ele de “coincidência significativa” porque se refere a acontecimentos que se relacionam pelo significado e não pela causalidade.

A coincidência significativa acontece com frequência comigo e hoje ela me socorre. Nessa semana, eu questionava pasmo, sem obter resposta, sobre o negacionismo científico dos bolsonaristas. Primeiro, o fanatismo de como eles tratam seu líder, “mito”; em seguida, o anacronismo da tese terraplanista; continua com o obscurantismo da ideia da imunização do rebanho e o mágico ou supersticioso – porque não há comprovação científica – de certos medicamentos para combater a pandemia; e, para não alongar muito, o apoio da mais retrógrada fé evangélica. Em pleno século XXI, haja atraso civilizatório!

A sincronicidade vem agora. Há muito que eu não via um amigo de infância, Victor César da Frota Pinto, que esta semana comentou uma postagem minha no facebook, mas logo passamos para o whatsapp para pormos a conversa em dia. 

Victor é filho de um dos fundadores da faculdade de medicina do Ceará, me enviou um link de uma revista que homenageava seu pai, o psiquiatra Dr. Gerardo da Frota Pinto, de quem eu desconhecia a sua faceta intelectual, com alguns livros escritos, um dos quais me interessou:  “As quatro heranças do Homem”, com subtítulo “Tentativa de interpretação do animal humano”. Perguntei-lhe se era fácil obtê-lo e já no dia seguinte ele me presenteava com um exemplar, bem como a Beatriz e o João Victor, minha filha e seu marido, também psiquiatras, com outro livro de seu pai,  “Psiquiatria Básica”, já esgotado e hoje considerado um clássico pelos psiquiatras cearenses.

Nesse livro, as quatro heranças são: a animal, a selvagem, a infantil e a civilizatória. Comecei pela que me interessou mais: a civilizatória e na página 99, ele escreve: “O historiador Will Durant, discorrendo sobre os deuses da Babilônia, diz que nunca houve uma civilização mais rica em superstições grotescas que apenas superficialmente diferem das nossas, pois não há absurdo do passado que não esteja bem vivo em qualquer parte do mundo moderno”. 

É bem o caso das grotescas ideias bolsonaristas que, como diz Will Durant, citado pelo Dr. Gerardo: “Debaixo da civilização continua a correr o rio da mágica, da superstição e da feitiçaria. E talvez ainda permaneça depois que toda a obra de nossa razão haja passado”.

As ciências humanas concluem que um contingente de retrógrados grotescos é permanente em qualquer sociedade, em qualquer tempo. Importa encontrar mecanismos jurídicos e políticos de nunca deixá-los tomar o poder.

Agradeço ao Dr. Jung pelo conceito de sincronicidade, ao Dr. Gerardo pelo que escreveu sobre o ambíguo processo civilizatório e ao Victor, o vetor da sincronicidade pela qual me chegou a resposta ao meu questionamento.

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