quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Chove em Rio Quente

Gênese do poema Chove em Rio Quente.


Em outubro fomos à Brasília comemorar o aniversário de nossa neta Luiza que fez 3 anos no dia 30, sexta-feira. Já no sábado partimos para Rio Quente. Numa viagem de 4 horas fizemos uma única parada técnica para banheiro, água e cafezinho.


Percorremos 314 kms observando os latifúndios onde estão parte do agro negócio brasileiro. Não resta dúvida que é bonito de se ver e saber que é um setor da economia brasileira que vai bem. 


Entretanto, o que me incomoda é ele ser a prioridade das prioridades. Explico: ele representa um dos lados das duas doutrinas que disputam a hegemonia na governança do país desde o século passado: 


1 - a da dependência do capitalismo central (EUA) para superarmos o subdesenvolvimento através da manutenção do Brasil como um país eminentemente primário exportador (aqui se situa o agronegócio), defendida por Fernando Henrique Cardoso e por neoliberais; 


2  -   a da independência que enfatiza o papel do Estado na economia, com a adoção de um modelo de desenvolvimento econômico independente, substituindo importações através da industrialização, de corte keynesiano, defendida por Celso Furtado e por social democratas.


O primeiro modelo, defendido pelo EUA e pela elite nacional de empresários e políticos ligados a ele, vem vencendo, se impondo através de golpes de Estado. 


O segundo modelo, cada vez que ganha uma eleição, toda a ladainha da corrupção é acionada pela imprensa e pelas grandes corporações para derrubar o governante que o defende. A história nos ensina que foi assim com Getúlio (pós segunda guerra), Juscelino, Jango, Lula e Dilma.


Defendo o segundo modelo por razões óbvias: não conheço nenhum caso latino americano que chegou a ser um país desenvolvido com equitativa distribuição de renda através da dependência americana. O colonialismo sempre é expropriatório e criador de fossos sociais.


Era sobre isso que eu pensava quando trouxe o livro e o edredom para perto de mim ao ver pingos na janela, a folha que esvoaçava no vento forte, e o vôo do passarinho que buscou abrigo sob as árvores ante os sinais de chuva e a promessa de vida no meu coração, parodiando o Tom Jobim em Águas de Março.


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