sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Diálogo comigo mesmo.



Diálogo comigo mesmo - um poema. 


O da esquerda tenta explicar porque faz versos, é o cuidadoso poeta. O da direita faz a crítica ao poeta por querer salvar os que ama dos sortilégios (seduções) da vida, como se pudesse prever um sofrimento (que não é eterno) advindo das escolhas do outro. Amante da vida plena, da beleza, é o esteta. A expressão corporal do cuidadoso foi escolhida por parecer mais vulnerável, a do crítico, por parecer mais segura. São duas das minhas facetas (tem mais) dialogando. 


Diálogo comigo mesmo.
(Poeta x Esteta)

– O cuidado me fez poeta.

 Tudo eu quis conhecer

até o que pouco me afeta

para os que amo proteger.


Compondo uma poesia sensível

uma máxima sensata

o poeta presumível

 a agrura do outro arremata.


– Ora, salvar do essencial:

os sortilégios da vida.

Não se prevê seja um mal

 a sedução escolhida.


O que hoje é sofrimento

amanhã aprendizado

e depois será alento

tem sido assim nosso fado.


– Pra que serve, então, o poema?


– Se dele a beleza emana,

eis a vocação suprema

da experiência humana.


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