Diálogo comigo mesmo - um poema.
O da esquerda tenta explicar porque faz versos, é o cuidadoso poeta. O da direita faz a crítica ao poeta por querer salvar os que ama dos sortilégios (seduções) da vida, como se pudesse prever um sofrimento (que não é eterno) advindo das escolhas do outro. Amante da vida plena, da beleza, é o esteta. A expressão corporal do cuidadoso foi escolhida por parecer mais vulnerável, a do crítico, por parecer mais segura. São duas das minhas facetas (tem mais) dialogando.
– O cuidado me fez poeta.
Tudo eu quis conhecer
até o que pouco me afeta
para os que amo proteger.
Compondo uma poesia sensível
uma máxima sensata
o poeta presumível
a agrura do outro arremata.
– Ora, salvar do essencial:
os sortilégios da vida.
Não se prevê seja um mal
a sedução escolhida.
O que hoje é sofrimento
amanhã aprendizado
e depois será alento
tem sido assim nosso fado.
– Pra que serve, então, o poema?
– Se dele a beleza emana,
eis a vocação suprema
da experiência humana.
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