domingo, 27 de abril de 2025

Avô é...



Avô é…

Avô é… ter no olhar luz
para a vida iluminar,
dar o abraço que traduz
amor pra sempre lembrar,

ter um baú na memória
do tempo (aquele que voa!)
pra retirar dele história
que seja engraçada e boa,

voltar a ser a criança
n'algum gesto, em cada riso,
plantar a graça, a confiança
e colher o paraíso.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

A separação


A separação


O menino, alguma falta, 

sente, não sabe expressar.

Embora seja peralta

goste muito de brincar,


ele nunca assimilou

a ruptura repentina

que grande mal lhe causou

e sua autoestima mina.


Não lhe perguntaram nada

sobre a egoista decisão 

sequer foi imaginada

a dor no seu coração.


Talvez pensassem assim:

se tantos sofrem, também

pode ele sofrer, enfim

vida é sempre este vaivém.


Argumento controverso

tentam racionalizar

não sabem da missa um terço

maestria é saber perdoar.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

A direita não chora Gaza



A direita não chora Gaza


Sob uma máscara de afabilidade

um sorriso fácil, um olhar amável

florescem uns gestos de caridade

uns verbos doces, um rosto agradável. 


Mas por trás de uma fachada polida

ao longe o eco de um choro silencia

a infância inteira de Gaza ferida

não toca a alma, não causa agonia.


A indignação seletiva se instala

a compaixão escolhe onde pousar

o horror de lá seu coração não abala,

o sangue infantil não há de manchar.


Há frieza na aparente bondade

constroem um muro contra a dor alheia

a da criança, mera casualidade

na direita, o altruísmo não granjeia. 


Que a beleza externa não nos engane

que a falta de empatia se revele

e a nossa alma não entre em pane

quando este ser pela infância não vele. 





quarta-feira, 16 de abril de 2025

Meu sol


 Meu sol

Sempre acharei
você onde quer que esteja
meu sol, o astro-rei!

terça-feira, 15 de abril de 2025

Desenhos da Luiza



Em cada pintura
um sentimento, alegria
aqui, lá a doçura

do que se pretende:
fazer as pazes, dizer
que já se arrepende.


sábado, 12 de abril de 2025

A mini série Adolescência - uma reflexão

A mini série Adolescência - uma reflexão

Assisti à mini série "Adolescência" sem saber o que esperar, influenciado por uma polêmica: um culpava o Instagram como se a plataforma fizesse a apologia ao crime, o outro o absolvia culpando o bullying. 

Assistido, acho que o Instagram não foi a causa direta, mas foi a ferramenta utilizada pelos colegas do adolescente para praticar o cyber bullying contra ele. 

Através de comentários maldosos e da disseminação massiva de mensagens depreciativas, sendo a internet terra sem lei, se torna, assim, um espaço onde o bullying ganha uma dimensão jamais alcançada na história. Juntos, bullying e Instagram, são, portanto, um gatilho poderosíssimo.


A conclusão que cheguei é que o bullying amplificado pelo Instagram tem impactos devastadores na saúde mental e ainda encontrou terreno fértil no comportamento agressivo (psicopata, segundo psiquiatras com quem conversei) do adolescente, por isso não o redimo, tem que pagar as penas. 


Devemos é ter cuidado com  a confluência do bullying, do Instagram e do temperamento agressivo; e combater: 1. o bullying, por exemplo, escolhendo um mês como foi escolhido para combater o câncer de mama para se fazer uma propaganda massiva contra; 2. exigir a regulamentação da internet para deixar de ser terra sem lei; 3. educar ou tratar psicologicamente a priori os de comportamento agressivo.

domingo, 6 de abril de 2025

A despedida


 A despedida

A Guapuruvu aproveita
uma manhã ensolarada
embora ela já meio desfeita
mas uma parte dela dourada

para a todos dizer adeus!
Que chegou o tempo de ir embora
depois de conviver com seus
melhores amigos, é hora

de partir, já começa a dar
prejuízo (pequeno, ainda bem!)
já está fraquinha, e ficar
não dá, ninguém sabe o que vem:

"Deixo pra vocês a lembrança
do meu tamanho e beleza
e enquanto houve segurança
do amor aos amigos fui presa.

Com as crianças, delicada
perdoem-me o dano à casinha
mas só caí de madrugada
sim, foi deliberação minha."

Foi o que ela disse ao poeta
talvez seja imaginação
mas esta é a sua bondosa meta
de tocar nosso coração.


* Guapuruvu é o nome desta árvore enorme, frondosa e linda, mas de tronco e galhos frágeis, costuma cair com facilidade. Há muitas em Brasília, esta está no terreno da casa da Beatriz, já sem uma boa parte dela porque caiu numa madrugada da semana passada sobre a casinha de boneca, danificando o telhado. Desde que eu soube da sua fragilidade, tem sido motivo de minha preocupação porque corre o risco de cair sobre a casa. Já fiz, inclusive, um haikai-prece:


Guapuruvu grande

não caias, vive e as tuas

raizes expande!


João Victor já providenciou sua retirada e ontem me mandou essa bela foto com os primeiros raios de sol incidindo sobre seus galhos, dando-lhe um colorido especial que me inspirou a fazer esse poema-despedida.