No ano do cão, um diálogo com a bozoísta.
Há pouco tempo, a bozoísta dizia orgulhosamente que o Mandetta tinha sido uma escolha pessoal do mito. Não foi, só que ela não sabia. Hoje, ela diz que odeia o Mandetta, o Teich…
Ela diz:
– Na minha idade, não erro mais.
– E o Moro, seu ídolo, você errou feio! – Provoco.
– Odeio! Quando erro, eu admito.
– Não se trata disso, mas que você disse que na sua idade não erra mais. Você o amava!
– Amava, mas não amo mais!
– Errou, então! E o Celso de Mello, você não odeia! – Ironizo.
– Odeio também!
– Mas há pouco tempo você o elogiava, “o decano do STF”, você dizia, conhecedora de todos ministros do tribunal. A bem da verdade, é o único de suas paixões que é sério. Conservador, mas sério. Você erra todas, com ele você até chegou a acertar e agora erra.
– Agora o odeio, assim como o seu Papa Francisco e todos os esquerdistas hipócritas!
– Hoje, pra você, só quem sabe das coisas é o Bozo? E por que somos hipócritas?
– O Bolsonaro é autêntico! Quem nós amamos são os nossos pais e filhos; e não os pobres e humildes. Isso é hipocrisia das brabas. Vocês são hipócritas porque dizem que amam os pobres e humildes.
– Não dizemos isso. Temos compaixão por quem sofre. Compaixão é tristeza causada pela tragédia alheia e que desperta a vontade de ajudar. Ainda não é amor, é pertinho. Cristo foi quem amou e fez a opção por eles. Ele foi hipócrita?
– Isso é o que você diz. Todos os seus apóstolos eram pequenos empreendedores do setor da pesca.
(Não pude deixar de rir.)
– Você nem se compadece dos empobrecidos e humilhados?
– Não. Sou autêntica como o Bolsonaro!
– Nem gostaria que o mundo fosse diferente?
– O mundo sempre foi assim!
– Você não acha que está querendo colocar uma bela moldura de autenticidade na sua indiferença, ou melhor, na sua perversidade? Porque a sua indiferença chega a ser uma perversão.
– Você tem a mania de filosofar, me poupe! Eu quero é que a esquerda se acabe!
– A esquerda é uma reflexão civilizada sobre as injustiças sociais. Não acaba. Ressurge e viceja! O socialismo é como carvões ardentes de um grande fogo extinto (no original: “Le socialisme est comme charbons ardents d'un grand feu éteint"). Sabe por que, minha linda? Porque ninguém vive sem uma utopia.
Ela bodeja:
– %$#@ˆ&*()%$#@!
Eu rio:
– kkkkkk...