domingo, 30 de abril de 2023

A idiotice

A idiotice


“A idiotice bolsonarista salvou a democracia neste país” (Otávio Guedes)



A frase do Otávio Guedes é boa, de efeito, tem impacto, mas é uma boutade. Acho que a idiotice está muito presente nos golpes, pelo menos em 1964 e 2016, não salva democracia, e, se admitirmos que ela a salvou, desmereceremos um pouco a coragem do Alexandre de Moraes que arriscou tudo, se o golpe tivesse sido bem sucedido. 


A idolatria e a subalternidade dos militares, dos empresários e da classe média aos EUA é a grande idiotice que está por trás dos golpes de Estado no Brasil.


A própria Teoria da Dependência defendida por FHC, inicialmente pensada como diagnóstico da doença do subdesenvolvimento que levou ao tratamento nos anos da presidência de João Goulart através do pensamento desenvolvimentista de Celso furtado  com a industrialização e a consequente substituição das importações, mas foi cancelado pelo golpe de 1964; posteriormente, quando assumiu a presidência, FHC transfigurou-se em idiota e inverteu o pensamento, o que era um diagnóstico virou o tratamento, ou seja, ficou sendo a solução do subdesenvolvimento a própria dependência, atrelados aos EUA é que vamos sair dele. Lembremos da sua fala, “esqueçam tudo o que eu disse”. 


Pois bem, tudo isso é de uma idiotice “do tamanho de um trem”, como dizia Carlos Imperial e Erasmo Carlos sobre o coração deles na música Vem Quente que Eu Estou Fervendo: “o meu coração é do tamanho de um trem”.  


E por que é idiotice essa dependência dos EUA para sair do subdesenvolvimento? 


É só observar o México, sempre dependente dos EUA, nunca saiu do subdesenvolvimento. Só a revolução mexicana de 1910, interrompida e inconclusa pela confusão política em consequência  da morte de seus líderes,  poderia ter dado uma solução. 


Assim seria no Brasil, só uma (*)revolução nacionalista e capitalista mesmo, brasileira nos salvaria da idiotice do atrelamento aos EUA que nos enfraquece. Olhe o exemplo da recente postura do Lula dizendo a verdade sobre a guerra, mostrando independência e soberania, os EUA logo aumentaram o fundo para Amazônia. Pena que, por fortes pressões diplomáticas e geopolíticas, ele teve que amenizar o discurso.



(*)revolução nacionalista e capitalista mesmo, brasileira...


Algumas pessoas reagem à palavra “revolução” por supostamente conter violência. Se há violência, vem sempre da contrarrevolução. Posso citar revoluções pacíficas, uma com contrarrevolução violenta, a revolução de gênero, e outra sem contrarrevolução violenta, a revolução política. 


A de gênero, a revolução feminina de 1968, as mulheres queimaram seus sutiãs exigindo igualdade com os homens. A contrarrevolução masculina foi o aumento do feminicídio com o tempo até hoje. 


A política, a revolução dos cravos, portuguesa, em 1974, sem contrarrevolução violenta porque quem fez o papel de contrarrevolucionários foram os socialistas. 


Em 25/04/1974 a Revolução dos Cravos abriu um período de transformações que foi encerrado em novembro de 1975. A partir de então, Portugal foi virando uma democracia social submetida aos grandes capitais, anulando “as conquistas de abril”. A contrarrevolução foi liderada pelo Partido Socialista, o que faz muita gente pensar que Portugal é socialista, não é, é capitalista com estado social.

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